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Rã-do-brejo Allophryne relicta (Caramaschi, Orrico, Faivovich, Dias & Solé, 2013)

Ordem: Anura | Família: Allophrynidae | Gênero: Allophryne
Allophryne relicta
Indivíduo adulto de Allophryne relicta. Uruçuca - BA, Novembro de 2018
Foto: Victor Moraes Zucchetti 

Allophryne relicta é uma espécie endêmica do Brasil que foi recentemente descrita em 2013, ocorrendo apenas, até onde se sabe, no município de Uruçuca, no sul do estado da Bahia. É um anuro aparentemente comum na região, ocorrendo em áreas de Mata Atlântica drasticamente alteradas para o plantio de cacau, nessas áreas o sub-bosque nativo é removido, dando lugar ao plantio de cacau. Este gênero (Allophryne) é típico do bioma Amazônia, sendo A. relicta a única espécie com registro para o bioma Mata Atlântica. A espécie, infelizmente, pode ser afetada por obras de infraestrutura prevista na região (implantação de porto e ferrovia). Não há informações sobre tamanho ou estrutura, tendências e distribuição da população que possibilitem a aplicação dos critérios mais adequada à espécie. Por essas razões, Allophryne relicta foi classificada como Dados insuficientes (DD).

Descrição:

Allophryne relicta é caracterizada por um tamanho corporal médio para o seu gênero, medindo entre 1,99 e 2,19 cm nos machos; uma cabeça grande com largura de cerca de 35% do tamanho corporal (SVL); grandes, olhos vermelhos-alaranjados com uma grande faixa transversal preta na íris; dorso coberto por alguns tubérculos e muitos pontos pretos dispersos; superfícies dorsolateral creme com marrom escuro e ventre cinza claro com pequenos tubérculos brancos; presença de uma linha de tubérculos na superfície ventrolateral do antebraço (Caramaschi et al. 2013). A filogenia molecular suporta a colocação de A. relicta como táxon irmão de um clado formado por A. resplendens e A. ruthveni (Caramaschi et al. 2013)

Reprodução:

Os machos de A. relicta que foram encontradosvocalizaram em vegetação herbácea e arbustiva entre 20 cm e 120 cm de altura nas margens de um fluxo de água temporário, em uma plantação de cacau.

A época reprodutiva dessa espécie ainda é desconhecida, porém há registros desta espécie nos meses de janeiro e novembro, havendo grande probabilidade desta espécie se reproduzir no período do verão como a maior parte das espécies de anuros, já que a reprodução da A.relicta está relacionada a chuvas fortes, fenômeno que geralmente ocorre neste período.

Distribuição geográfica:

Allophryne relicta é endêmica do Brasil. Em contraste com as outras espécies do gênero, que ocorrem no bioma Amazônia, é conhecida apenas no estado da Bahia, município de Uruçuca, no bioma Mata Atlântica (Caramaschi et al. 2013).

A presença desta espécie no sul da Bahia cujo gênero é típico da região amazônica se explica pelo fato de os dois biomas já terem sido unidos, há fortes evidências de que no passado, durante um período no qual o clima era mais quente e úmido, houve a expansão das florestas (Fourquet et al. 2012, citado por Caramaschi et al. 2013). O Parque Estadual da Serra do Conduru, unidade de conservação de proteção integral de 9.275 hectares, que dista 35 km da localidade tipo é o maior fragmento bem conservado de Mata Atlântica das proximidades, sendo provável que a espécie ocorra neste local (Caramaschi et al 2013).

Habitat e Comportamento:

Geralmente é encontrada em cursos de riachos temporários, nas bordas de matas secundárias. Não foram vistas no interior de áreas florestadas.

As espécies de A. relicta foram encontradas após fortes chuvas em pequenas aglomerações de 10 a 20 indivíduos em folhas de arbustos nas margens de um fluxo de água temporário de aproximadamente 2 m de largura. Os indivíduos permaneceram no curso de água por um período curto de tempo.

É uma espécie ativa no período noturno juntamente com chuvas torrenciais que resultaram no enchimento de poças temporárias. Foi observado que na noite seguinte às fortes chuvas, apenas poucos machos se encontraram esporadicamente no sítio de vocalização, o que tornou o territorialismo difícil de determinar. O fluxo que surgiu anteriormente secava e permaneciam apenas algumas poças.

Logo, é possível determinar que a reprodução é explosiva. Explicando o fato de o porquê desta espécie não ter sido descoberta anteriormente em estudos feitos na região.

Ameaças:
Habitat
areasabertasouflorestadas.png
Áreas florestadas ou abertas
Sítio de canto/ Calling site
vegetaçãoarbustiva.jpg
Atividade
noite.png
Noturno
Venenoso
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Vegetação Arbustiva
Hábito
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Arborícola
Endemismo
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Mata-atlântica
Distribuição-geográfica:
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1920px-Status_none_DD.svg.png
Status: Dados Insuficientes ou Data Deficient (DD)
Allophryne relicta - Iuri R. Dias
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Vocalização - (gravado por: Iuri R. Dias)
TABELAALLOPHRYNERELICTA.jpg
TABELAALLOPHRYNERELICTA.jpg
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Imagem da parte dorsal e ventral da espécie Allophryne relicta
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Diferentes padrões de cores da espécie Allophryne relicta
Allophryne relicta - Victor Moraes Zucch
Indivíduo adulto de Allophryne relicta
Uruçuca - BA, Novembro de 2018
Foto: Victor Moraes Zucchetti 
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Indivíduo adulto de Allophryne relicta.

Foto: Victor Goyannes Dill Orrico

Uma modificação importante em seu hábitat está prevista, é a implantação do complexo portuário "Porto Sul", na cidade de Ilhéus. Há também a previsão de implantação de ferrovia passando por vários municípios da região. Os primeiros exemplares de Allophryne relicta foram encontrados durante os inventários de campo para licenciamento ambiental dessa estrada de ferro (Oikos 2010, citado por Caramaschi et al. 2013), é possível que a localidade tipo e consequentemente a espécie, sejam afetados durante a implantação desse projeto. Não há informações sobre uso da espécie.

Conservação:

A espécie ocorre na área de abrangência do Plano de Ação Nacional para conservação da herpetofauna Ameaçada da Mata Atlântica Nordestina – PAN Herpetofauna da Mata Atlântica Nordestina, aprovado em 2013 (Brasil 2013).

Página editada por: Beatriz Pique em jun/2020.
Referências:

Brasil, 2013. Portaria ICMBio nº. 200 de 1° de Julho de 2013. Diário Oficial da União. Edição nº 125/2013, Seção 1, terça-feira, 02 de julho de 2013.

Caramaschi, U; Orrico, V.G.D; Faivovitch J.; Dias, I.R. & Sole, M. 2013. A new species of Allophryne (Anura: Allophryidae) from the Atlantic rain forest biome of Eastern Brazil. Herpetologica, 69: 480-491.

Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), 2009. Projeto de Monitoramento do Desmatamento nos Biomas Brasileiros por Satélite (PMDBBS/2009). <http://siscom.ibama.gov.br/monitora_biomas/index.htm>. (Acesso em: 15/07/2014).

ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), 2019. Ministério do Meio Ambiente (MMA) >http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/estado-de-conservacao/7709-anfibios-allophryne-relicta< (Acesso em: 04/11/2019)

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