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Rãzinha-bacurau Allobates bacurau (Simões, 2016)

Ordem: Anura | Família: Aromobatidae | Gênero: Allobates
Allobates bacurau.jpg

Rã-bacurau (Allobates bacurau)

Foto: Pedro Ivo Simões

A palavra “bacurau” (modificado a partir da palavra original nativa Tupi "wakura'wa"), designa várias espécies de aves noturnas da família Caprimulgidae. Os habitantes da região de Manicoré têm se intitulado historicamente como "Povo Bacurau”.

Allobates bacurau é a sétima espécie de “sapo-enfermeiro” (nurse-frog) descrita em florestas da bacia do rio Madeira, destacando uma tendência constante nas descobertas de espécies e sugerindo uma fauna de anuros potencialmente diversa que habita esta região amazônica relativamente inexplorada.

Descrição:

O tamanho corporal máximo desta espécie em machos adultos é cerca de 1,48 cm, sendo a menor espécie do gênero Allobates descrita até o momento. Não possui cores aposemáticas brilhantes no corpo e na superfície dorsal das coxas.

Allobates bacurau é quase idêntico ao Allobates sumtuosus (Morales 2002). A. sumtuosus  possui uma garganta, tórax e superfícies abdominais da fêmea uniformemente amarelo claro; as mesmas estruturas são uniformemente cinza claro a translúcido no macho de A. sumtuosus. Já A. bacurau apresenta uma garganta cinza, tórax e abdômen cinza claro a translúcido em indivíduos vivos de machos e fêmeas. A cor da garganta pode variar de cinza claro a cinza escuro em machos e indivíduos fêmeas.

Apresenta a superfície lateral do corpo cercada por uma faixa marrom escura da ponta do focinho à virilha.

Embora esta espécie possa ser distinguida de outras espécies do seu gênero pela combinação de caracteres morfológicos externos e padrão de cores, foi diagnosticado em campo pela primeira vez devido a sua vocalização com traço acústico único (comprimento das notas), a possibilidade de distinguir com precisão A. bacurau de todos os Allobates.

Reprodução:

Allobates bacurau possui uma vocalização constituída por uma emissão de notas curtas dispostas em trinques. A duração média das notas entre todos os indivíduos registrados foram de 6,92-11,07 segundos. A taxa média de emissão de notas foi de 6,70-8,75 notas/s, e cada trinado continha uma média de 60-81 notas. A duração média das notas foi de 0,029-0,045 segundos. As notas têm uma modulação de frequência crescente. O pico médio da frequência foi de 5,89-6,34 kHz. A menor frequência de anotações ficou em torno de 5,26–5,76 kHz em média e a frequência superior média atingiu 6,53-7,06 kHz. A duração média dos intervalos silenciosos entre as notas foi de 0,071 a 0,129 segundos.

A vocalização de algumas espécies de Allobates quando comparadas aos de A. bacurau, as notas são mais curtas e formadas por um número menor de notas em A. amissibilis, A. crombiei, A. grillissimilis, A. paleovarzensis (Lima et al. 2010; 2012; Kok et al. 2013; Simões et al. 2013b).

É importante ressaltar que a vocalização de A. bacurau pode ser sonoro-graficamente distinguida das outras vocalizações de todas as espécies de Allobates com cores criptografadas distribuídas ao leste da margem do meio e baixo rio Madeira.

Embora a vocalização de machos seja comum localmente, não foram encontrados girinos na chuva próxima a poças, ou na água acumulada nas fendas da vegetação ou nas folhas, locais comuns para o desenvolvimento larval de espécies do gênero Allobates.

Habitat
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Áreas florestadas
Atividade
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Diurno
Hábito
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Reolífico
allobatesbacuraudistribuiçao.jpg
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Status: Não avaliada ou Not Evaluated (NE)
Allobates_bacurau_-_ventral_e_dorso_-_li

(A) Vista dorsal e ventral de um indivíduo fêmea vivo de Allobates bacurau (INPA-H 35408). (B) Vista dorsolateral de um segundo indivíduo fêmea vivo (INPA-H 35397). (C) Variação na densidade de pigmentação da garganta entre indivíduos machos vivos de A. bacurau (da esquerda para a direita (INPA-H 35398, 35402, 35401).

Allobates bacurau parte lateral.jpg

Indivíduo de Allobates bacurau 

Allobates bacurau vocalizando.jpg

Indivíduo macho de Allobates bacurau vocalizando

Distribuição geográfica:

Allobates bacurau é conhecido apenas na localidade do Município de Manicoré, na margem direita do rio Madeira, no estado do Amazonas. Esta região é delimitada ao norte pelo Aripuanã e ao sul pelo rio Ji-Paraná. Ambos são grandes afluentes de águas negras do rio Madeira e têm sido frequentemente considerado uma importante barreira geográfica para espécies de vertebrados e agrupamentos genéticos.

Esta espécie possui uma pequena distribuição geográfica na região central da Amazônia brasileira, localizada a pelo menos 600 km da fronteira mais próxima do país.

Página editada por: Beatriz Pique em nov/2019.
Referências:

Simões, P.I. (2016) “A new species of nurse-frog (Aromobatidae, Allobates) from the Madeira River basin with a small geographic range”, 10.11646

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